Minnaa!!! Hoje venho trazer a resenha de um livro que me chamou a atenção por trazer uma protagonista que realmente é muito humana...
Forma estranha de descrever não é? Mas acontece que a mesma pessoa é capaz de atitudes que parecem muito opostas, como uma peça de um quebra cabeça de outra pessoa.
Todos somos um pouco assim, mutáveis, nos adaptando ao meio à nossa volta e ao mesmo tenpo mantendo nossa própria essência e retratar isso em um livro é bem difícil. E é sobre “Ellla” uma obra da querida autora Roberta de Souza que vou falar no post de hoje.
Eu geralmente escrevo a resenha em duas partes “O Livro” e em seguida “Minha opinião” Mas Ella pede uma resenha um pouco diferente, após a sinopse vou falar um pouco da essência do livro junto da minha opinião, tudo junto mesmo e só no final que vou falar de forma mais neutra, acredito que assim vou expressar melhor o que quero dizer.
Então, vamos ao post?
Sinopse:
Ella: A História
Completa
“A versão física do livro está à venda no site:
www.editoraserpentine.com.br
Dona de um magnetismo pessoal feroz, Ella possui a beleza exótica das ruivas naturais, a alegria e leveza da juventude, o talento nato para as artes (literatura e música), o gosto pela vida e, uma sensualidade implacável.
Ella é livre. Entretanto, poucos são os que a aceitam
e a entendem.
Conseguirá esta mulher fogosa e adepta ao amor livre, lidar com o julgamento da sociedade? Com o peso da condenação hipócrita de seres humanos sujos?”
"Eu sou a
rainha vermelha, a feiticeira dos seus sonhos, a mulher perfeita"
Ella tem uma autoestima invejável e é claro que todos
temos nossas qualidades e defeitos, mas é bom se expressar daquela forma
confiante do quote não é mesmo? Ainda mais sendo uma ruiva poderosa, de corpo atraente, olhar
provocante e uma voz encantadora. Se não for bem explicado faz parecer que
assim terá tudo e a vida são apenas flores, mas a vida não é perfeita e não
seria nem se nascesse uma mistura de Atena com Afrodite!
A personagem se mostra mais humana que simplesmente essa perfeição toda, é autentica! Mas a questão maior é a forma com a qual somos apresentados a tantas qualidades e ao mesmo tempo a imperfeição que nos traz empatia e conexão com a personagem. Ela é humana em suas imperfeições sem deixar de ser uma diva que parece se destacar dos mortais com tanto brilho, temos ali os dois polos da mesma mulher.
Acho que é importante explicar que eu leio livros de diferente
gêneros, incluindo hot, se a história me atrai eu leio, então não tenho tabus
sobre as cenas hot e aproveitando aviso que é um livro com uma jovem de mente
bastante aberta a novas experiências e que pode acabar chocando um pouco alguns
leitores, ou até quebrando alguns tabus.
"Como uma
gata selvagem, presa por aqueles olhos violetas lindos, cheguei lentamente
sentindo o gosto daquela pele e deixando seu cheiro me tomar por completo"
Agora um ponto que acho interessante de destacar é que
mesmo uma pessoa feminista pode ter um ou outro o pensamento ou ato machista
sem notar, isso vem do machismo estrutural e acho que isso foi bem representado
tanto em personagens sem intenção quanto nos que tiveram sim, ou seja, a vida
como ela é.
Uma boa comparação é a série The Great, se passa na Rússia do século XVIII e tem elementos altamente machistas onde as mulheres são vistas como objetos e memso que de forma bem contraditória que que se possa imaginar tem elementos que parecem bastante feministas pra visão da época (e alguns até pra visão de hoje) como a possibilidade de uma governante mulher e o imperador não ver problema em a esposa ter um ou mais amantes, assim como ele pode ter, ela também poderia, pensar nesse comportamento naquela época é surpreendente, ainda mais que hoje em dia um homem falar que está em um relacionamento aberto é ok, mas se uma mulher falar isso é mal vista...
"Nunca tive
vergonha de minhas escolhas. Fiz o que quis, com quem quis, sem pedir ou dever
nada a ninguém."
Voltando ao livro, logo no começo tem uma cena que me incomoda um pouco, e que imagino representar bem o machismo estrutural, é uma que me traz um clima que remete ao mansplaining e esse é um dos pontos que eu fiquei pensando se seria ou não proposital, já que da forma que ficou escrito ali é do tipo mais passivo, que dificilmente é notado no dia a dia, ainda mais se for um comportamento inserido aos poucos e nem sempre feito de forma intencional. Naquele momento me perguntei o que poderia encontrar nas demais páginas do livro e se esse clima iria se manter, o que me preocupou um tanto.
Mais para frente fui surpreendida quando essa cena tomou outro sentido na minha cabeça, como falei, ter esses momentos torna Ella mais humana, não só ela, mas o personagem que tem essa atitude também, embora não seja um personagem que tenha meu carinho (Porém conversei com outras leitoras que gostam MUITO dele, então ele é bem popular) gosto do fato dele estar no livro, é de grande importância para o enredo. Após seguir a leitura entendi essa cena por esse novo ângulo e passei a vê-la como algo bem importante para o enredo também.
“pouco me importava a sociedade machista que tentava me enquadrar em um perfil inexistente para mim”
Entre altos e baixos, aventuras e desventuras o livro nos mostra uma vida intensa, recheada de acontecimentos marcantes que muitos passam a vida toda sem ter. É como se poucos messes da vida de Ella tivessem mais intensidade que anos para outras pessoas. E nessas páginas tão recheadas vamos acompanhando, nos entretendo e também parando para pensar sobre os questionamentos do livro.
A escrita escolhida pela autora traz aos personagens um
ar realmente de liberdade, um clima de aventura, mas não dos livros de aventura
em alto mar, no caso é na própria vida, nas próprias descobertas sobre si e
sobre o que o mundo tem para te oferecer. O clima que se forma me faz pensar em
séries americanas com a pegada de Euphoria, mesmo tendo um enredo completamente
diferente acredito que o estilo de direção da série cairia muito bem nessa
narrativa.
Agora outro ponto que mostra que nossa protagonista não é perfeita e a traz mais para o lado humano é uma fala que ela tem com uma outra personagem e que saiu de forma natural e sem intenções ruins, mas que é um tabu no meio LGBT. Não vou dar spoiller explicando o contexto, mas era enquanto oferecia ajuda de forma sincera a jovem, ela disse:
“— Por enquanto sim. Mas precisamos deixar algo bem claro aqui: não sou homossexual, nada contra suas escolhas, mas estas não são as minhas, ok? Aceita apenas a minha amizade?”
Vale lembrar que é uma fala da personagem e não da autora, e que não foi para incentivar um comportamento preconceituoso, foi uma fala que acabou tendo uma frase complicada e que me faz quer perguntar a autora se foi proposital para mostrar que a personagem não é perfeita... Ou talvez eu só queira arrumar uma desculpa para uma entrevista.
De qualquer forma é uma fala que para quem não é do meio LGBT e não está inteirado sobre assuntos do tipo pode parecer "nada demais" mas para quem é do meio da aquela dorzinha no core.... Achei interessante a Roberta colocar uma personagem de mente tão aberta falando assim, mostra que o estrutural atinge bastante e o quanto ele passa despercebido.
Como falei, para quem acompanhou o livro e se atentou a frase pode
ser um ótimo exemplo de que mesmo alguém desconstruído das amarras da sociedade
ainda tem muito o que aprender sobre quem é diferente de si. Eu sou uma mulher
ACE, administro grupos LGBT onde posto algumas explicações e sei que tem muito
que não aprendi ainda, a vida é assim e devemos continuar tendo empatia e
procurando entender o próximo.
Enfim! Ella é um livro que me surpreendeu bastante, comecei a leitura com as expectativas no topo, depois das primeiras páginas fiquei um pouco receosa e por fim só posso dizer que as páginas voaram e que o final foi espetacular! Claro que não posso contar o que acontece no final do livro, mas foi bem marcante e aos meus olhos ficou simplesmente perfeito tanto em impacto quanto na mensagem poderosa que a autora quis passar para as pessoas.
Notas finais
Ella busca liberdade, sabe das barreiras, ela conhece a estrutura a sua volta, sabe que o caminho do empoderamento não é fácil dentro de si e tem ainda mais obstáculos quando se trata do mundo a sua volta. Ella veio ao mundo para ser um símbolo, para ser única. Enfrentou barreiras que muitos nem poderiam imaginar e mostrou que uma mulher pode trazer em sua algo uma personalidade marcante com um espírito de uma verdadeira tempestade.
Para quem quiser saber mais sobre a autora e o livro, vou deixar alguns links aqui:
Instagram da autora: @autora.robertadesouza
Instagram do fã Clube: @fcamoresdabeta
Facebook da autora: Roberta de Souza
Boa leitura e até a
próxima!
Beijos da Kira!